Revolução de Veludo : o 25º aniversário movimentado

Adrien Carton, traduzido por Carolina Duarte de Jesus
12 Janvier 2015



Dia 17 de Novembro, a República Checa celebrava a sua “Revolução de Veludo”, que em 1989 precipitou a queda do comunismo na Checoslováquia. A comemoração mudou em protesto. O presidente Zeman e o “Lennon Wall”, sob as luzes dos projectores criaram polémica.


Crédit ČTK
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A Revolução de Veludo, que tira o seu nome do seu carácter pacifico, pôs fim a quase 45 anos de regime comunista na Checoslováquia. Foi seguida de um “divórcio” com a Eslováquia, também qualificado como veludo, que deu nascença á República Checa em 1993. Este 25º aniversário era a ocasião de homenagear estes estudantes que tomaram a iniciativa de manifestar contra o poder que governava e tinha sido severamente reprimido pela policia. A intervenção policial posta de lado, é o sentimento de indignação e de protestação que se encontravam nas ruas de Praga onde os posters que diziam “Não queremos ser uma colónia russa” ou ainda “Chega de Zeman” eram números. 

O presidente Zeman, em função desde março 2013, é uma personalidade particularmente controversa, com uma tendência não dissimulada pelo álcool branco. Ao criticar as sanções em direcção da Rússia, ao qualificar os eventos na Ucrânia de guerra civil e as Pussy Riot de putas durante uma intervenção na rádio no início de Novembro, o presidente suscitou raiva de uma parte da população tcheca. Zeman também declarou que a revolta de estudantes de 1989 era só um evento entre outros que tinham provocado a revolução. Este tipo de comentários e uma posição considerada como demasiado pró-russa, afectam particularmente a geração jovem de hoje. Estimamos entre 5000 e 7000 o número de pessoas que vieram manifestar, fornecidas de um cartão vermelho. Como no futebol, os manifestantes mostravam os cartões como se para convidar o presidente a ir-se embora o mais depressa possível. 
Crédit PraguePost
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Foi quando quis pronunciar o seu discurso e inaugurar uma placa homenageando os estudantes de 1989 que a situação piorou. A multidão acolheu-o ao assobiá-lo e com lances de ovos. O serviço de ordem teve de recorrer a guarda-chuvas para o proteger enquanto que ele se dirigia ás pessoas. “Não tenho medo de vocês, da mesma maneira que não tive medo há 25 anos” gritou ele á multidão. O presidente alemão, Joachim Gauck, convidado para a ocasião com os presidentes Eslovaco, Polaco e Húngaro, teriam sido tocados por um pedaço de casca de ovo, o que o teria feito sorrir segundo algumas declarações. É nesse clima de repúdio, de uma parte da população ao presidente, que aconteceu durante este dia de comemoração antes que outra polémica apareça. 

“The Wall Is Over”

Crédit @rickchan66 Instagram
Crédit @rickchan66 Instagram
Cheio de tinta branca só com esta inscrição no seu centro, é assim que os habitantes de Praga encontraram o “Lennon Wall” na manhã de 17 de novembro. Voltado a ser pintado na noite por quatro estudantes em arte, este muro é dos anos 80 um símbolo da cidade de Praga na sua luta contra o regime comunista. O célebre cantor dos Beatles, John Lennon, símbolo de esperança e de liberdade era representado neste muro onde as pessoas vinham escrever mensagens, palavras de canções ou ainda por velas em símbolo de protestação. Depois da queda do regime, o muro transformou-se numa atracção turística e foi constantemente coberto de novas escrituras, tudo ao guardar um símbolo muito forte. Recentemente, outro “Lennon Wall” fez a sua aparição, em Hong-Kong onde os estudantes protestam, eles também de maneira pacifica. Uma mensagem de apoio a estes estudantes apareceu então no muro de Praga.

Depois do muro ser repintado, muitas pessoas mostraram-se chocadas porque alguns o qualificaram de “vandalismo”. Os estudantes explicaram a sua acção. Um de entre eles, Jan Dotrel, explicou através uma mensagem posta no Facebook que a inscrição “The Wall is Over” é uma referencia á canção de Lennon “Happy Xmas” (War Is Over). A ideia do projecto era de celebrar os 25 anos da Revolução de Veludo e de dar uma nova partida ao muro e ao oferecer uma página branca onde as novas gerações podem espessar-se. Apoiados pelos professores deles, reafirmarão o seu justo valor artístico do projecto e defendem-se de qualquer acto de vandalismo. As acções judiciárias foram no entanto anunciadas pela Ordem Soberana de Malta a quem o muro pertence. O projecto teve um impacto muito importante por causa das celebrações do 25º aniversário, mas não é a primeira vez que o muro foi repintado. As autoridades comunistas repintavam-no regularmente nos anos 80 e em 2000, um outro grupo tinha coberto o muro com pintura verde. O muro já teve muitas cores e inúmeras inscrições re-apareceram. Uma das primeiras era “The Wall Is Never Over”.

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