Reabilitação da União Nacional no Gabão: a ilusão democrática

Sylia Bouabdelah, traduzido por Bárbara Angelli
22 Mars 2015



Em 31 de janeiro de 2015 Guy Bertrand Mapangou, ministro do Interior, anunciou a reabilitação da União Nacional. Uma declaração que fora confirmada poucas horas mais tarde pelo presidente Ali Bongo. Hà menos de dois anos antes da próxima eleição, o presidente do Gabão permite que seu maior adversário volte ao centro do palco. Voltar no curso sinuoso do partido e as intenções de sua excelência.


Crédito AFP/Célia Lebur
Crédito AFP/Célia Lebur
Ali Bongo, o chefe do Partido Democrático Gabonês ganhou as eleições em 2009. Filho de Omar Bongo, ele tomou o poder detido por sua família desde 1967. André Mba Obame antigo adversário,  e ex-ministro do Interior, está na terceira posição. Confrontado com este fracasso não compreendido por ele, André Mba Obame começou uma greve de fome "para a democracia."

Ele não esperava ser derrotado e pensou que a eleição de Ali Bongo seria impossível.
Sua greve foi ineficaz e, em seguida, ele começou a montar um partido de oposição, a União Nacional. Em 2010, incluía os três maiores partidos: a União Gabonesa para a Democracia e Desenvolvimento, o Movimento Africano para o Desenvolvimento e de União Nacional de Republicanos. Segundo ele, "esta é a primeira vez que o Presidente do Gabão tem diante dele uma coalizão tão unida quanto determinada."

No dia 25 de Janeiro de 2011, o então secretário executivo da União Nacional, o Sr. Mba Obame proclamou-se presidente do país e é jurado para a sede do partido. Ele pediu à ONU para apoiá-lo enviando um pedido de reconhecimento de Ban Ki Moon. A organização internacional rejeitou este pedido e Mr. Mba Obame foi preso. O Sindicato Nacional é considerado cúmplice de suas ações por parte do governo, e então é proibido.

Instalação de tensões e de afirmação da oposição

A dissolução da União Nacional para com "o desrespeito dos princípios democráticos, atingir a forma republicana de governo, a soberania nacional e a ordem pública" tem despertado o ceticismo de muitos Gaboneses. Alguns se reuniram no movimento "Bongo Deve Partir" (BOP) e denunciar "o regime arbitrário do clã Bongo". Vários eventos testemunham a impopularidade nascente do presidente do Gabão. Em dezembro, uma manifestação em Libreville custou três vidas. Este incidente foi atribuído às forças policiais pela oposição, que é rigorosa em seu comunicado de imprensa: "Em resposta a uma manifestação pacífica, o chefe de Estado mobilizou unidades especiais da guarda civil e da polícia, dirigindo as armas da República do Gabão contra pacíficos desarmados." O movimento tinha sido aceito e permitiu evitar a "perturbação da ordem pública".

Ex-funcionários de Omar Bongo também se juntaram à oposição. O ex-ministro das Relações Exteriores, Jean Ping, durante uma transmissão no "France 4" (canal francês de televisão), descreveu Ali Bongo como um ditador autocrático.

A democratização do Gabão como uma estratégia política

A reabilitação do maior partido da oposição, com a aproximação das eleições e com tensões reais se estabelecendo no país, parece uma manobra díficil de entender. Além disso, essa reabilitação é acompanhada por um enfraquecimento das sanções contra membros ou líderes fundadores de um partido político banido. Isto porque muitos gaboneses adotaram uma estratégia política para mostrar um final democrático nas ações do governo.

Ali Bongo, de fato, precisa reafirmar sua legitimidade para o povo. O lançamento do livro de Pierre Pean, Novos Assuntos Africanos, em outubro, questionou a legitimidade de sua excelência. Pierre Pean denuncia a corrupção, desvio de fundos públicos, eleições manipuladas, etc. Este livro também confirma a versão de Andre Mba Obame. De acordo com o autor, que se baseia no relatório de uma comissão eleitoral nacional e independente, a vitória de Ali Bongo, em 2009, é impossível. O vencedor deveria ser André Mba Obame. O livro causou um escândalo em todo o país, especialmente a dúvida quanto ao parentesco genético de Omar e Ali Bongo. O presidente nasceu na Nigéria, o que constituiria uma irregularidade na eleição.

A decisão do Presidente de reabilitar a União Nacional, em seguida, dá impulso para um governo democrático e suas ações. Tendo em vista o crescente movimento pela democracia e desenvolvimento no país, esta decisão era uma necessidade.

Ele passou dois anos na União Nacional para achar quem se apresentaria e representaria uma dúzia de partidos políticos. O regresso de André Mba Obame é em si muito incerto. O fundador da União teve grandes problemas de saúde. Ele agora está em uma casa no Niamey, onde foi exilado.

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