Países Baixos: entre riqueza externa e pobreza interna

Oriane Roehrig, traduzido por Manon Millencourt
12 Novembre 2014



Na sequência de um relatório sobre a luta contra a pobreza na Europa publicado em 17 de Outubro de 2014 por ocasião do Dia Internacional Para a Erradicação da Pobreza, os Países Baixos constatam que o nível de pobreza aumenta.


Apesar de uma recuperação da economia neerlandesa que é atualmente certa, o país enfrenta problemas sociais observados na sua população pela degradação de alguns indicadores.

A crise económica e financeira de 2008 afectou extremamente os Países Baixos. Hoje o país está a recuperar: a Comissão Europeia previa em Junho deste ano taxas de crescimento de 1,2% para 2014. O país pretende ser um modelo na União Europeia na medida em que pretende ter um défice público para o ano que vem abaixo dos 3% e uma dívida pública inferior a da Alemanha e a da França, embora aumente.

Este renascimento da economia neerlandesa está intensamente ligada ao regresso do comercio internacional. Efetivamente, o país é uma passagem obrigatória para qualquer transporte de mercadorias a través de portos como Roterdão na Europa, o que revitaliza uma grande parte da economia nacional. 40% da produção do território também é exportada. No entanto, este relançamento não apaga os anos de crise vividos pela população.

Uma taxa de pobreza persistente

Foi publicado nesta sexta-feira 17 de Outubro um relatório sobre a luta contra a pobreza na Europa por ocasião do Dia Internacional Para a Erradicação da Pobreza. A taxa de risco de pobreza e exclusão social (AROPE, At Risk Of Poverty or social Exclusion em inglês) foi utilizada no quadro da estratégia “Europa 2020” que tinha por objetivo a luta contra a precariedade. A taxa de pobreza recentemente anunciada por Platform31, especialista no desenvolvimento urbano e regional e na rede europeia das políticas urbanas (EUKN, European Urban Knowledge Network em inglês) eleva-se a 14% da população neerlandesa ou seja 2,5 milhões de habitantes.

Este fenómeno essencialmente observado nas áreas urbanas afecta sobretudo menores segundo o indicador. Este é composto pelo risco de pobreza - um indicador monetário que se refere aos rendimentos inferiores a 60% do rendimento médio nacional – mas também pela privação material e pela intensidade do trabalho num agregado familiar. Há vários anos que esta taxa de pobreza está em aumento constante mas representa apenas um aumento de 1% nos últimos cinco anos.

No entanto, isso basta para preocupar os especialistas que só querem informar o governo. Efetivamente, o governo realizou em dezembro um estudo que revelou que a pobreza afectava apenas 1,2 milhões de habitantes o que está longe do número revelado ultimamente. Mas os critérios escolhidos pelo governo tomavam em conta um painel mais restrito.

Uma situação, reflexo da sua economia

Outras medidas reforçam esta ideia de precariedade dentro do país. Há três anos que a taxa de consumo está estatisticamente negativa o que revela um problema da economia do país que se baseia essencialmente na procura externa, como já o tínhamos constatado previamente, portanto a economia interna permanece frágil. Combinando isto com o consumo que está a baixar, a taxa de desemprego dos jovens de menos de 25 anos anuncia-se a 11,2% em 2014. É uma taxa particularmente elevada para uma população activa global cujo número está a diminuir desde Março de 2014, mês durante o qual esta taxa se elevava apenas a 7,2% (fonte: Eurostat).

O governo neerlandês ainda não reagiu à publicação deste relatório. Apesar de tudo, pode esperar-se que o governo desenvolva medidas para atenuar estas dificuldades embora a situação seja geral a nível europeu.

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