Liberdade: a imprensa chora, mas não se dobra

Nathan Lautier, traduzido por Lilian Vilanova
2 Février 2015



Há uma semana, um drama histórico desabou sobre a França. 17 mortos pelas armas de três loucos. O país e o mundo se levantaram contra esses atos bárbaros e se mobilizaram para protestar. Tal é o balanço da união contra o terrorismo.


Crédit DR
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Eu não falarei dos 17 assassinados. Tampouco falarei dos três assassinos. Não, eu não farei um editorial em honra à memória dos mortos. Outros o fizeram, e outros ainda o farão muito melhor do que eu. Quero me ater ao que há de positivo nessa catástrofe. Não para ignorar os horrores vividos, mas para não termos que viver sob tensão, para não termos que viver à sombra do medo. Porque em cada drama, uma esperança renasce.

Como não alimentar, aqui, a esperança de uma tomada geral de consciência da necessidade da liberdade de imprensa, ou, em outros termos, de uma liberdade de expressão? Como não esperar um repentino despertar das pessoas de espírito crítico adormecido? Milhões de pessoas se mobilizaram para mostrar que nós não cederemos. Nós batalharemos pelos nossos direitos. Lutaremos pelas nossas liberdades. Como não vislumbrar, nessa força, uma esperança, o vetor de nosso trabalho?

O mundo jornalístico marcado para sempre

Lembremos que esta data marcará uma virada no mundo jornalístico. Uma geração Charlie nasce. Essa geração, marcada pelos atentados, terá uma motivação suplementar para processar a informação e lutar contra a censura. Porque não, eles não mataram a imprensa. Não, eles não aniquilaram a nossa motivação. Pelo contrário. Hoje, seremos como a hidra: eles cortaram uma cabeça, nós faremos crescer outras no lugar. Ainda mais sólidas. Ainda mais determinadas. Em cada país, penas brotarão no solo da liberdade. 

A liberdade não morre por bala. Façamos com que ela seja invencível. Levemos, como nunca, as feridas com as nossas penas, apontemos aquilo que perturba, mostremos o que incomoda. 

Continuemos o trabalho. 

No Jornal Internacional, cada membro amadureceu após esse evento. Cada colaborador pôde sentir, em si, crescer uma vontade ainda maior de se expressar e se informar. Quiseram nos causar medo, apenas conseguiram dar-nos uma motivação inabalável. Para comunicar cada dado importante que encontrarmos, aprofundando a análise de cada parcela de informação e repassando-a a todos sem rodeios, haja o que houver. Porque a nossa batalha é a informação e a liberdade, a nossa arma.

Voltaire já resumia muito bem o nosso desejo: “Eu não concordo com o que dizem, mas lutarei até a morte para que tenham o direito de dizê-lo”.

O jornalismo não morreu. A liberdade não foi enterrada. Pelo contrário, ela cresceu, mais do que nunca.

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