Crédit afriqueinside.com
Como qualquer país que foi colonizado em África, a Zâmbia acolhe várias etnias. Com o objetivo de guardar a unidade nacional, o inglês ficou a lingua oficial depois da independência em 1964. No mesmo ano, o United National Independence Party toma poder e Kenneth Kaunda torna-se o primeiro presidente da República. Ele guarda este posto com um regime autoritário até 1991, quando, depois de várias revoltas ocorridas um ano mais cedo, ele decide reinstaurar o regime multi-partidário.
Desde então, as eleições têm decorrido nos tempos previstos, apesar de terem havido eleições antecipadas em 2008, depois da morte do Presidente Levy Mwanawasa — líder do Movement for Multiparty Democracy (MMP), partido de oposição nos anos 1990. As eleições de 20 de janeiro aconteceram após uma situação similar. Efectivamente, Michael Sata, líder da Frente Patriótica, eleito em 2011, morreu dia 28 de outubro de 2014.
A economia zambiana: a chave das eleições
A economia da Zâmbia baseia-se principalmente no cobre — ele representa 85% das exportações. Desde os anos 2000, o país explorou ainda mais os seus recursos, o que lhes permitiu ter uma economia ligeiramente crescente. É nesta óptica que a China tornou-se um dos principais investidores na Zâmbia — como em muitos países de África —, o que se tornou um dos principais assuntos durante as eleições.
Também é importante relembrar a importância da agricultura no país, pois, em 2000, ela representava 85% dos empregos.
Também é importante relembrar a importância da agricultura no país, pois, em 2000, ela representava 85% dos empregos.
No entanto, o governo endividou-se muito ao longo dos anos e a instabilidade da moeda provoca fortes aumentos da dívida. Isto acarreta ainda mais investimentos exteriores, desemprego a 20%, além de confundir os cidadãos quanto às eleições. O partido que estava no poder, a Frente Patriótica, governou durante 3 anos. Hoje em dia, alguns dos seus eleitores questionam-se sobre a sua capacidade a melhorar a situação do país.
Um único turno nas eleições
Na Zâmbia, as eleições presidenciais fazem-se num só turno. Assim, há 11 partidos políticos que se afrontam durante estas eleições. Podemos observar quatro principais candidatos: Edgar Lungu, com a Frente Patriótica — partido social-democrata —, e que sucederia ao antigo Presidente; Hakainde Hichilema, representante do United Party for National Development — partido político liberal, que tinha baixado nas sondagens desde há uns anos; Edith Nawakwi, com o Forum for Democracy and Development, partido dissidente do MMD; e finalmente, Never Mumba, líder deste último.
Apesar do UPND ter sido menos forte nas eleições ultimamente, Hakainde Hichilema é o principal concorrente de Edgar Lungu. Efectivamente, ele mostra-se como a diferença da qual o país precisa. Sendo económico de profissão, ele dá a imagem de um candidato com qualidades de leadership. Ele também quer descentralizar o poder nas províncias e fala muito de economia em termos de salário mínimo e de desemprego. Dessa forma, ele tenta se opor em todos os pontos ao FP, partido visto com reservas por muitos eleitores.
Ao contrário das eleições presidencias normais na Zâmbia, estas distinguem-se por duas razões: em primeiro lugar, depois de duas mortes de presidentes durante os seus mandatos, foi imposto aos candidatos consultas medicais, pela primeira vez na história do país. Além disso, o último presidente tomou função em 2011. Esta devia terminar-se em 2016, pois os mandatos na Zâmbia duram 5 anos. No entanto, o candidato que tomará o seu lugar só terá uma função de “substituição”, pois será eleito apenas até 2016. Com efeito, as eleições acontecerão durante o ano, como era previsto.
Uma eleição agitada
A Zâmbia tem um histórico de violência durante as campanhas e esta vez não foi excepção. Efectivamente, um helicóptero transportando membros do UPND foi atacado. Hichilema protestou contra esta violência, a dizer que ela torna ilegítimas as eleições e que poderia por o seu partido e outros em situação de desvantagem face ao partido no governo. Para mais, a Comissão eleitoral zambiana decidiu, este ano, publicar os resultados on-line. Há então, segundo ele, um risco de manipulação dos dados.
Para tentar lutar não só contra os problemas já presentes, mas também contra problemas que poderiam vir mais tarde (manipulação dos votos, corrupção…), esta Comissão introduziu um sistema pelo qual os eleitores podem se manifestar em caso de problemas. Com efeito, é possível enviar uma mensagem gratuita a um número de telefone, ou, ainda, usar no twitter a hashtag #Zvotes.
Apesar da possível mudança de lado no xadrez do governo, daqui a menos de dois anos os eleitores poderão mais uma vez escolher o seu presidente, o que lhes dá possibilidade de tomar riscos.
Apesar da possível mudança de lado no xadrez do governo, daqui a menos de dois anos os eleitores poderão mais uma vez escolher o seu presidente, o que lhes dá possibilidade de tomar riscos.