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Embora os resultados do primeiro turno tenham apresentado uma leve vantagem do então presidente (38,5% dos votos contra 37% para a nova presidente, na apuração de 95% das cédulas eleitorais em 28 de dezembro), foi Kolinda Grabar-Kitarović quem, finalmente, venceu. Porém, a diferença não foi, mais uma vez, esmagadora: 50,74% dos votos, contra 49,26% do seu adversário. A surpresa deve-se ao fato do representante do SDP ser muito estimado pelo povo croata. Entretanto, a incapacidade do seu governo em melhorar a situação econômica do país foi determinante na sua derrota. É preciso notar, ainda, que o presidente, na Croácia, exerce um papel principalmente representativo, não lhe cabendo, por exemplo, vetar uma lei ou exercer qualquer poder no domínio econômico, embora seja ele chefe do exército e disponha de prerrogativas na política externa, na defesa e no setor de inteligência.
O último membro da União Europeia obteve sua independência da ex-Iugoslávia apenas em 1991. Não foi tarefa simples, tendo a guerra contra os sérvios e o exército nacional durado quatro anos. A União Democrática Croata (HDZ), no poder entre 1990 e 2000, exibe um passado de partido fascista, tendo, inclusive, promovido campanhas de purificação étnica em 1995, sob o comando do antigo presidente Franjo Tuđman. Desde então, é o próprio partido que vem se purificando de tais ideologias.
A Croácia, um jovem país europeu
Foi apenas em 2013 que a Croácia se juntou à União Europeia, sob a presidência de Ivo Josipović. Esse pequeno país de 4,4 milhões de habitantes sofre a duras penas a crise econômica: a principal fonte de renda da Croácia é o turismo, o que não basta para reanimar as finanças. A situação é ainda mais difícil, já que outros países do Mediterrâneo, como a Espanha ou Chipre, também baixaram os seus preços para estimular o setor. Na verdade, a União Europeia não trouxe grandes benefícios à Croácia, o que pode explicar a fraquíssima participação desse país nas eleições europeias: apenas 21%.
Não é surpreendente – quando se constata que 19% da população está desempregada, o que significa um jovem em dois –, que os croatas tenham decidido mudar os seus dirigentes. A nova presidente tem consciência disso, pois declarou: “Eu prometo-vos que a Croácia será um país próspero e rico, um dos países mais desenvolvidos da União Europeia e do mundo”.
As novas feições da Croácia
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Kolinda Grabar-Kitarovi, 46 anos, tem um percurso muito diferente do seu predecessor: enquanto ele é professor de direito e de música, além de compositor, ela, por sua vez, é formada em línguas estrangeiras e relações internacionais. A sua carreira diplomática é admirável: depois de ter sido ministra da Integração Europeia de 2003 a 2005, ela tornou-se ministra croata das Relações Exteriores e da Integração Europeia entre 2005 e 2008. Em seguida, assumiu o cargo de Embaixadora da Croácia nos Estados-Unidos de 2008 a 2011 e, finalmente, de Secretária-Geral Adjunta da OTAN entre 2011 e 2014. Filha de açougueiro, a nova presidente gosta de lembrar suas origens modestas, que acentuam a sua imagem de mulher que obteve sucesso por si própria – e sua ascensão é bastante impressionante.
No entanto, apesar da sua determinação, o início da campanha presidencial foi um pouco difícil, como relata Vecernji list, citado pelo Courrier International: ela foi qualificada de “Barbie” e considerada “inapta à função presidencial” pela mídia. Estamos diante de uma bela vitória para a jovem mulher.
As mudanças prometidas realizar-se-ão de fato? Para já, de início, o governo deverá, durante alguns meses, conviver com a oposição até as eleições legislativas, previstas para o fim de 2015. Além disso, os casos de corrupção, que, no passado, estremeceram o partido da União Democrática Croata e que ressurgiram recentemente, somados ao fato de o partido ter se radicalizado durante a campanha, insistindo em valores da extrema-direita, poderão ser bastante prejudiciais nessas eleições. A própria presidente declarou: “O triunfalismo não tem lugar”.