Um road-trip pela Europa: conhecer os eurocépticos

Alia Fakhry, traduzido por Carolina Duarte de Jesus
15 Décembre 2014


No fim das eleições de maio deste ano, os eurocépticos ganharam quase um quarto dos lugares no Parlamento Europeu. Um paradoxo que mostra o estado no qual se encontra a Europa hoje em dia, destruída pela crise e pela subida do nacionalismo. De quem é a culpa? Foi o que uma equipa de jovem jornalistas questionou e decidiu de fazer um road-trip para encontrar respostas.


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A forte subida dos sentimentos anti-europeus constitui hoje uma realidade que está na consciência de todos. Inútil de relembrar os scores que tiveram os movimentos de extrema direita francesa, neerlandesa ou húngara, as subidas dos movimentos regionalistas em Italia do Norte ou na Catalunha, a raiva grega, ou ainda o espectro do referendum “Brexit” que poderia causar que o Reino-Unido saía da Europa em 2017.

De quem é a culpa? A crise está na ponta da lingua de todos, á qual ás vezes se adiciona a autoridade alemã, a tecnocracia europeia, a subida dos nacionalistas e da xenofobia. Por outras palavras, o medo. O medo sob todas as formas: incerteza económica, medo uns dos outros, perca da esperança pelo futuro e nas suas promessas. A máquina “Europa” estará ela encalhada?

Um road-trip para a Europa

Com o estilo de Florence Aubenas, grande repórter do Le Monde que investigou recentemente “Em França”, titulo do seu último livro, no qual ela conta a sua aventura de cidade em aldeia á procura dos medos e esperanças dos francesas, uma equipa de jovens jornalistas alemães acabaram de começar um grande projecto. 

“Geração Separação” é um conceito multimédia que junta fotos, vídeos e texto, tudo online e com a preciosa ajuda das indispensáveis redes sociais - Facebook, Twitter, YouTube e Instagram. Um projeto que pertence totalmente á sua “geração” e que quer dar o passo da “separação”. A ideia é então simples e ambiciosa ao mesmo tempo. Dezoito repórteres divididos por várias equipas espalhadas pelos quatro cantos da Europa, de Barcelona a Riga ao passar por Nicosia e Londres, sob traças de movimentos anti-europeus, de políticas locais e de cidadãos como outros para poder encontrar respostas ao ambiente de mau-estar.

Enquanto que os debates na média têm demasiada tendência hoje em dia a apontar para estes movimentos populistas, nacionalistas ou independentistas ao diaboliza-los, esta jovem equipa decidiu de tratar desta pergunta de maneira diferente. Ignorá-los e tentar esquecê-los não desenvolve o debate. Ainda pior, o facto da média estar cega quanto a isto só lhes deixa o terreno libre. Como diz um proverbio mauro, “aquele que não viaja não conhece o valor dos homens”. 

Uma encontra com outra face da Europa

“Geração Separação” propõe um conceito totalmente inovador. Apesar das redes sociais serem postas na cena principal, permitindo por um lado de divulgar e transmitir a informação das pesquisas, mas também de criar uma verdadeira interacção com o público, o coração do projecto está no trabalho de terreno, para nos relembrar que apesar da prensa e dos médias conhecerem dias difíceis, o jornalismo de investigação não está condenado. E apesar de ser um tema extremamente politico, a equipa escolheu de deixar de lado o grande debate de ideias, as bagarras políticas, para ilustrar as pessoas que, hoje em dia, fazem e desfazem a ideia politica a través o continente.

Á volta de um almoço com os independentistas catalãs, durante uma partida de futebol com o irmão mais novo do basco Xabi Alonso, num encontro com um responsável dos Jovens FN (Front National, partido de extrema direita francês) ou na companhia de um grupo de rock serbo-croata, eles vão tentar de medir a Europa de hoje em dia. Apesar da geração Erasmus ser muitas vezes mostrada como exemplo de um sucesso da construção europeia, a “geração separação” ainda é muito desconhecida.

Um road-trip pela Europa a seguir então em live e em inglês a partir de dia 26 de novembro em “Geração Separação” mas também no Facebook, Twitter e Instragram com o #gensep. Stay tuned !